que, de tolo, até pensei que fosse minha
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Mas você foi diferente. Você foi mesmo o primeiro. Não vou te contar o primeiro a fazer o quê, mas você foi. Eu sei que sim. Você não tem que saber isso. Talvez você pegue essa declaração e a jogue no lixo, e é por isso que eu nem vou entregá-la a você. Mas queria que soubesse, se eu fosse menos covarde e entregasse esse pequeno texto bobo em suas mãos, que antes de você, meu mundo era um outro. Mais amargo, mais triste, mais ou menos como voltou a ser agora. Mas agora, mal posso esperar pra ter o mundo que tive com você de novo. Talvez com outra pessoa. Mas provei de um mundo que não conhecia. Você, sim, me olhou como eu nunca tinha sido olhada. Pode ser que tenha sido tudo mentira. Mas pra mim era real. Eu acreditei, eu senti e eu vivi esses momentos. Eles estão bem aqui, na minha memória. Isso nem você vai poder tirar de mim. Você cuidou de arruiná-los um pouco, verdade. Mas eu hei de recuperá-los. Passei o dia chorando. Não sei de onde veio o seu olhar de adeus. Fico me lembrando de você nos primeiros dias. Eu queria guardar você num potinho. Acho que eu sabia que você iria escapar. Acho que eu sabia que havia de ser um prazer fugaz. Por isso também foi desesperador. E todos aqueles filmes que nós íamos assistir juntos? E o meu cachorro, que você ainda – você mesmo disse – não conheceu? Agora nada disso mais vai acontecer, né. Que foi que se passou? Onde estava eu, dentro de ti?
Não consigo entender nada. Isso tudo dói muito mais do que qualquer outra coisa. Não sei se quero passar por isso de novo. É uma dor piorada das que eu já conhecia antes. Não consigo mais ir ao cinema. Quero esquecer que um dia fui ao cinema com você. Que três dias eu fui ao cinema com você. Na mesma semana. E que durante esses três filmes, nunca prestei tão pouca atenção à tela à minha frente. Foi tudo absolutamente maravilhoso. Achei que pela primeira vez na minha vida, eu ia deixar de ser triste. Por uma mera semana, eu deixei de ser triste. Por uma semana, não me senti mais faltando um pedaço. Esse pedaço faz tanta falta agora. Tudo dói tão mais agora. Eu quero viver nessa memória pra sempre. Não consigo imaginar uma semana pra além de agora. Nada. Não consigo imaginar nada depois de você. Isso sim é desesperador.
isso é mais ou menos de um ano atrás.
Eu quase me esqueci daquele olhar que você lançou pra mim naquele dia. Aquele, num dos primeiros dias depois que a gente ficou pela primeira vez. Foi numa aula do Pedro. E acho que foi um dos olhares mais profundos que eu já recebi na minha vida, foi tão longo e tão expressivo. É até difícil de lembrar. Mas, de fato, eu havia me esquecido daquele olhar. Foi tão dúbio e, ao mesmo tempo, tão claro, tão preciso. Por um momento eu quase sabia o que você estava querendo me dizer. Havia um certo pesar na sua expressão, mas um quê de paixão, um quê de encantamento. Você me ganhou pelo olhar. Não exatamente aquele olhar em particular, mas o SEU JEITO de olhar as pessoas. Você as observa como nunca foram observadas antes. Você as desnuda, como estivesse a extrair delas algo que nem mesmo sabiam ter dentro de si. É um mal (?) de escorpianinos. Esse olhar profundo e quase obsceno, mas com graça,com classe, e cheio de princípios(primordialmente). CHEIO de princípios. Você realmente olha e vê as pessoas, como nunca foram olhadas e como nunca foram vistas antes. E há em você um quê de uma infantilidade doce e ingênua, livre de culpa ou julgamentos, uma espontaneidade pra fazer as coisas que você já fez tantas vezes antes, mas que lhe confere um brilho no olhar de primeira vez, uma felicidade clandestina que se instala no ar cada vez que você sorri. É como se o ar esquentasse, e tudo ficasse mais cheio de luz, essa alma radiante contagia os que estão ao seu redor. Não é à toa que você está sempre tão cercado de pessoas. E tem a boca mais rosada e mais bem desenhada que já tive diante de meus olhos, e os movimentos da mesma mais compassados que já tive em cadência com os meus. E o nariz, há um quê de um Picasso nele, algo que definitivamente deve ser observado uma segunda vez,com mais atenção. E todo o corpo, tão esguio e tão bem delineado, nenhuma forma foge ao contorno da sua silhueta. Não há nada que sobre , tampouco nada que falte: nem um só osso à vista. Você é uma vontade de ouvir Beatles, Pixinguinha, Caetano, samba e rock and roll , e de condensá-los numa só pessoa, e uma vontade desesperadora de morder um pêssego fundo, até que seu suco comece a me escorrer pelo queixo. Uma vontade imensa de tragar o cigarro até que ele seja apenas filtro, e de soltar essa fumaça espessa e densa no ar,que paire sobre os presentes como uma névoa de libido sufocante.É uma vontade de morder cada pedaço dos seus braços,e de tê-los com um carinho a encostar nos meus braços, macios como a pele do pêssego que você dá vontade de morder. Mas principalmente, mãos de dedos longos e finos, passíveis de um pianista, a articularem-se com toda a elegância que se imagina ser possível, e cabelos tão castanhos que quase cheiram a noz. Um cheiro absolutamente inconfundível, que se propaga no ar, feito uma mistura de um odor ocre de gripe com madeira da casa da minha avó, de modo a me fazer querer enterrar o rosto contra seu peito e não sair nunca mais de lá. Mas eu vou ter que sair. Infelizmente, não mais posso me negligenciar dessa forma. Eu amo você, amo você sozinha, sem nem ao menos saber bem o quê você pensaria disso, mas eu prefiro não saber. Vou sair de férias e beber com pessoas antes desconhecidas, e vou tentar olhá-las com os olhos profundos e generosos do olhar que você lançou pra mim. Acho que vai ser um jeito de levar você comigo. É aquele olhar,daquela foto com o cigarro, é aquele olhar profundo, eu vou levá-lo comigo, no fundo da retina, impresso como um resquício de uma imagem que você acabou de enxergar e apertou os olhos com força, a fim de não mais perdê-la, e ela ainda continua lá por alguns segundos,mas quando você havia começado a reparar nos detalhes, ela desaparece, como um sonho quando se acorda, e você lembra dela em linhas gerais,mas não tem mais certeza se ela fora real. E vou dormir em camas em que antes nunca me deitei,e acordar com pessoas estranhas e alheias a meu redor, e vou trabalhar,e irei à Lapa e esquecerei que um dia sequer conheci você. E a brisa do Rio de Janeiro vai me trazer um pouquinho do que você também estiver vendo, em algum outro braço do oceano; mas talvez eu nem me lembre, se tudo der certo, eu não vou me lembrar. Vou apenas fechar os meus olhos e sentir que existe em mim alguma coisa qualquer que ainda é chaga, alguma coisinha lá no fundo que ainda falta, ainda dói e ainda é chama, mas eu já nem vou mais saber bem do que se trata. E vou voltar e vou lembrar, que a minha vida não se dá sem você, que você faz parte dela, voluntária ou involuntariamente por pelo menos mais três anos. E vou te ver falar das férias e saber das mulheres sérias que você reviu lá na sua terra, e lembrar que no futuro hei então de encontrar-te em um supermercado qualquer a fazer compras, com esposa, juízo e filhos, e recordar que um dia, num passado longínquo, estive presente no seu presente, que agora não passa de passado, e imaginei que olhar seria esse que você lançaria sobre esses filhos, que agora você segura e cuida, e que nada têm de mim, porque a mim não mesmo pertencem. E esse momento vai ser muito triste. Mas talvez isso nunca aconteça. Talvez nós simplesmente nos separemos, e a vida continue e eu me esqueça e você se esqueça. E talvez algum dia eu encontre alguma outra pessoa com um brilho tão profundo assim no olhar, e me lembre que alguém já me olhou assim antes. "Não mais me sinto tão nua perante esses olhos". E, se você puder, eu gostaria então que você retirasse os seus livros da minha estante, pra que eu pudesse, novamente, empilhar ali os meus. Eram tantos títulos que eu já nem me lembro mais qual eu ia ler. Raquel Schaedler
domingo, 8 de novembro de 2009
E me resta esse meu sono em vigília.
Quando foi que amar se tornou um crime de danos morais?
Quero acordar desse sono em vigília, quero o leve sonhar dos velhinhos. Quero viver meu amor de forma sincera, quero sofrer sem usar óculos. Quero falar o que tenho vontade. Quero acreditar que as coisas vivem na memória, mas que eu não vivo de memórias. Quero acreditar que as coisas vivem na memória. Que eu vivi o que está na minha memória. Que por um (breve) momento, aquilo foi real. Que por um breve momento, senti sua mão roçar meu pulso com a persistência dos apaixonados por duas horas a fio. Que senti seus lábios beijarem minha nuca e que você nem sempre teve esse olhar de adeus. Pela primeira vez eu vi o olhar de adeus. Talvez não tivesse antes um parâmetro de comparação. Triste é pensar que pra você talvez isso tenha sido um amor de adeuses fáceis. Pra mim, foi um encontro. Pra você, uma emoção repentina. Eu não sei se acredito em você.Mas também não entendo como uma cumplicidade tão instantânea e etérea se desmancha tão suavemente no ar.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
QUANDO A REALIDADE PARECE FICÇÃO.....
e chega de viver dentro da telinha. das telinhas. mini-telinhas.telões.
O homem da rua
Fica só por teimosia
Não encontra companhia
Mas prá casa não vai não
Em casa a roda já mudou
Que a moda muda
A roda é triste
A roda é muda
Em volta lá da televisão...
No céu a lua
Surge grande e muito prosa
Dá uma volta graciosa
Pra chamar as atenções
O homem da rua
Que da lua está distante
Por ser nego bem falante
Fala só com seus botões...
O homem da rua
Com seu tamborim calado
Já pode esperar sentado
Sua escola não vem não
A sua gente
Está aprendendo humildemente
Um batuque diferente
Que vem lá da televisão...
No céu a lua
Que não estava no programa
Cheia e nua, chega e chama
Prá mostrar evoluções
O homem da rua
Não percebe o seu chamego
E por falta doutro nego
Samba só com seus botões...
Os namorados
Já dispensam seu namoro
Quem quer riso
Quem quer choro
Não faz mais esforço não
E a própria vida
Ainda vai sentar sentida
Vendo a vida mais vivida
Que vem lá da televisão...
O homem da rua
Por ser nego conformado
Deixa a lua ali de lado
E vai ligar os seus botões
No céu a lua
Encabulada e já minguando
Numa nuvem se ocultando
Vai de volta pros sertões...
Chico Buarque - A Televisão
terça-feira, 18 de agosto de 2009
meu melhor amigo é meu livro do shakespeare.
quem canta comigo,
canta o meu refrão!
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
meu marido ideal

a gente na câmera de segurança do kaes. a gente pode ser pobre, e talvez a gente passe fome, e talvez não tenha nenhum reconhecimento, mas vou te contar: eita povo pra ter bebedeira mais criativa que as nossas!
se por um acaso tudo der errado, meu palpite é que a gente não teve a chance de tentar! rs
harvey, are you gonna tell me that gay people can have children!?
a vida é sempre aquela dança...
por isso,às vezes, ela cansa
e pára um pouco pra chorar
acho que eu já tinha me esquecido do quanto eu amo chico buarque. acho que por conta disso amo-o agora ainda mais,pra me redimir por tê-lo deixado na geladeira por um tempo. descongelado, voltou à tona e à ativa à toda.
sábado, 18 de julho de 2009
louco. de astúcia.
shall we never, carried away by our disbelief, disguided by fear, truly believe that our dreams are too huge to belong us.
quarta-feira, 8 de julho de 2009
a vida tem um roteiro cheio de pausas dramáticas.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
na vida da gente sempre falta alguma coisa:
tem fases em que falta grana,
fases em que falta amor,
dias em que falta inspiração.
É ruim quando falta senso,
perigoso quando falta juízo,
amargo quando falta previdência.
Falta respeito, consideração, falta clareza.
Falta, falta,falta.
Às vezes falta luz,
tem dias que falta água,
tem horas que falta lágrima.
Mas baby, pense comigo
De que vale tudo isso
Quando tem gente
Pra quem falta alma?
raquel schaedler - para um amigo muito querido em crise.