que, de tolo, até pensei que fosse minha

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Eu quero cuidar de você.

Escrevo porque quero tornar verdade o que sinto, pelo menos por alguns momentos. Não quero que venha atrás de mim, tampouco escrevo numa tentativa de convencê-lo do contrário do que pensas. Só queria dizer aquilo que se perderá no ar, de leve, nos suspiros, por entre os livros da estante, pra materializar (eternizar) por um segundo o que há e só vive dentro das pessoas. Eu só queria dizer que eu gosto de você. Não importa o que pense, nunca terá sido banal para mim,uma simples troca de olhares, algumas noites divertidas. Isso foi mais do que o comum, mais do que o banal, mais do que o que se espera.
Escrevo porque as lembranças são abstratas, e porque o tempo tem a irritante mania de ser palimpséstico, as coisas vão se sobrepondo. E o que não é dito, se perde em memória, páira no ar na eternidade. Não existe. Como um sussurro abafado. São os tempos modernos. Há de ser minha ingenuidade. Passarei bastante tempo sem te ver. Quando nos encontrarmos, provavelmente isso nem será mais verdade. E o que é que não perece num mundo de emoções baratas! Tudo deve levar conservantes.
O que é que não perece. Hoje me lembro daqueles dias como se já não os tivesse vivido, e como uma brisa que traz uma sensação longínqua de infância ou coisa parecida. Hoje me parece tudo tão vão e inexplicável, comparo esses dias com os novos dias e...não. Aquilo era uma outra coisa. Aquele mundo de exaltações no cinema, aquelas trocas de olhares. Seus olhos eram tão azuis quantos os novos. Mas tinham algo que os novos apenas agora começam a ser passíveis de ter, mas ainda com uma certa expressão fugidia e volátil. Mas eles também me faltam. Não sei que tipo de expectativa me fazem criar. Quando nos encaramos, em momentos suspensos no ar, o ar parece desabar. O tempo não fica suspenso. Fica confuso. Me lembra de tempos de outrora. Você fez o tempo parar por alguns momentos raros, e de uma forma a me provocar tamanha ternura que até quando completamente frívolo, vil e vaidosamente egoísta hoje em dia, tenho vontade de abraçá-lo. Quero cuidar de você. Quero estar nos seus olhos. Refletida nessa retina azul. No entanto, tudo que preciso é que cuide de mim. Mãos doentes não podem sanar sangramentos.

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Me angustia não poder dizer o que penso. Tenho vontades impetuosas e medo de realizá-las. Quero ver seus olhinhos ávidos na frente dos meus. Quero sorrir pra você. Ah, coisas que a vida me deu, como é difícil quando me as resolve tirar.